sábado, 30 de agosto de 2008

Te amo, Esquina.

Repeti 254 vezes o quanto eu não gostava de você, fiquei pensando o quanto eu já parei de pensar de como seria bom o dia que eu poderia te ver.
30 minutos antes do encontro eu parei na esquina do meu prédio e fiquei repetindo: você não gosta dela! Você não gosta dela! E quando eu te vi, não senti nada, nadinha a não ser um breve sentimento de leveza, de poder ter certeza que eu já tinha superado e que você era um passado assim, bom, leve e livre.
Ficamos conversando e fazendo coisas que amigos devem fazer, você não ficou vendo a combinação da minha roupa e eu não fiquei secando seu decote.
Viramos a esquina para nos despedirmos, nos abraçamos e deixei escapar um “te amo”, mas não foi pra você, gostaria de deixar isso claro, eu estava me declarando para aquela esquininha que por tanto tempo eu sonhei em cruzar ao seu lado, a esquininha na rua do meu prédio, que 30 minutos antes de te ver eu repeti 254 vezes o quanto eu não gostava de você, a mesma esquininha que eu desabafava e sonhava o quanto seria bom que você algum dia cruzasse ela comigo. Demos um abraço longo, um beijo na bochecha, nos viramos e nunca mais nos vimos. Ainda bem que eu não te amava, ainda bem que eu amava aquela esquininha, cheia de buracos, mas a única que finalmente pudemos passar juntos, como amigos, claro.